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Doenças de Carrapato


Carrapatos podem transmitir uma série de doenças, principalmente as Hemoparasitoses:

1) Febre Maculosa: causada por uma bactéria (Rickettsia ricketsii). Os cachorros e os gatos infectados com a bactéria causadora da febre maculosa são em geral resistentes a essa doença e raramente apresentam sintomas. Quando eles apresentam algum sintoma, não passa de uma ligeira febre e fraqueza passageira. O que é muito importante esclarecer é que os cães e gatos não transmitem a febre maculosa, mas são eles que servem como um veículo, ou seja, como um meio de transporte para os carrapatos (Amblyoma cajennense) infectados chegarem até as pessoas.

2) Babesiose Canina: é uma grave doença causada por um protozoário (Babesia canis) capaz de causar infecção dos glóbulos vermelhos dos cachorros e anemia grave. Esta doença pode ser transmitida aos cachorros por várias espécies de carrapatos, e dentre eles, o Rhipicephalus sanguineus (carrapato vermelho do cachorros) é o principal responsável pela transmissão do agente. Muitas infecções por Babesia canis são inaparentes. Em alguns casos, os sintomas clínicos se tornam aparentes apenas após esforço (decorrente de exercício esgotante), cirurgias ou outras infecções. Tipicamente os sintomas da Babesiose são: febre, icterícia, fraqueza, depressão, falta de apetite, membranas mucosas pálidas e esplenomegalia (aumento do baço) observados após 04 dias da infestação por carrapatos.

Babesia canis (Figura da internet)

3) Erliquiose Canina: A erliquiose canina é uma doença transmitida por carrapatos aos cachorros, mas existem relatos de gatos e seres humanos infectados por diferentes espécies de Ehrlichia sp (uma bacteria que vive obrigatoriamente dentro das células causando um tipo de infecção crônica). A doença é transmitida de um cão contaminado para um cão sadio através do carrapato. O principal vetor é o carrapato marrom (Rhipicephalus sanguineus). O parasita irá infectar os glóbulos brancos do sangue, ou seja, as células de defesa do organismo do cão.Os sintomas apresentados por um animal infectado dependem da reação do organismo à infecção. A Erliquiose pode ter três fases:

1. Fase aguda: onde o animal doente pode transmitir a doença e ainda é possível que se encontre carrapatos.Febre, falta de apetite, perda de peso e uma certa tristeza podem surgir entre uma e três semanas após a infecção. O cão pode apresentar também sangramento nasal, urinário, vômitos, manchas avermelhadas na pele e dificuldades respiratórias. É importante estar sempre atento à saúde do animal. Normalmente o dono só percebe a doença na segunda fase, e assim como outras doenças, o diagnóstico precoce é fundamental para a recuperação. 2. Fase subclínica: pode durar de 6 a 10 semanas (sendo que alguns animais podem nela permanecer por um período maior) O cachorro não mostra nenhum sintoma clínico, apenas alterações nos exames de sangue. Somente em alguns casos o cão pode apresentar sintomas como inchaço nas patas, perda de apetite, mucosas pálidas, sangramentos, cegueira, etc. Caso o sistema imune do animal não seja capaz de eliminar a bactéria, o animal poderá desenvolver a fase crônica da doença. 3. Fase crônica: Os sintomas são percebidos mais facilmente como perda de peso, abdômen sensível e dolorido, aumento do baço, do fígado e dos linfonodos, depressão, pequenas hemorragias, edemas nos membros e maior facilidade em adquirir outras infecções. A doença começa a assumir características de uma doença auto-imune, comprometendo o sistema imunológico. Geralmente o animal apresenta os mesmos sinais da fase aguda, porém atenuados, e com a presença de infecções secundárias tais como pneumonias, diarreias, problemas de pele etc. O animal pode também apresentar sangramentos crônicos devido ao baixo número de plaquetas (células responsáveis pela coagulação do sangue), ou cansaço e apatia devidos à anemia.

Ehrlichia ssp (Figura Internet)

4) Doença de Lyme: é uma infecção transmitida por carrapatos aos cachorros e seres humanos (principalmente por ninfas do carrapato Ixodes scapularis nos EUA eIxodes ricinus na Europa), causada por uma bactéria espiroqueta chamada Borrelia burgdorferi. A infecção pode causar o acometimento de diversos órgãos, inclusive a pele, o sistema nervoso, o coração e as articulações. Nos seres humanos pode haver ainda o surgimento de lesões eritematosas na pele (avermelhadas) que evoluem de forma centrífuga do local da picada do carrapato (chamado de eritema migratório), no entanto, esse achado nem sempre é freqüente. Em cachorros, os sintomas mais comuns são dor articular aguda, letargia e febre. A doença de Lyme é considerada hoje a doença transmitida por vetores mais prevalente nos EUA, com quase 90.000 casos registrados nos Centros de Controle de Doenças em 49 estados entre 1992 e 1998. Neste país existem vacinas contra a doença de Lyme, no entanto, no Brasil, a única forma de prevenção ainda é o controle dos carrapatos. No Brasil a doença de Lyme já foi diagnosticada em cachorros na cidade de São Paulo, nos municípios da Baixada Fluminense (Estado do Rio de Janeiro) e em áreas rurais do Estado do Rio de Janeiro. A doença já foi também diagnosticada em seres humanos.

Diagnostico: - Aliado ao exame clínico que é de suspeita da doença, os exames laboratoriais são de suma importância para se fechar o diagnóstico definitivo. Os sinais clínicos são muito subjetivos confundindo-se com diversas patologias infecciosas.

- O principal exame que oferece um diagnóstico definitivo para as doenças de carrapato é o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase). Porém ela é espécie-específica (têm de se fazer um teste para cada espécie de protozoário ou bactéria). Existem laboratórios que oferecem um Pool ou Pacote de testes para Hemoparasitas facilitando o pedido.

Tratamento: - Envolve antibióticos tetracíclicos do grupo das Tetraciclinas.

- Dipropionato de imidocarb tem sido relatado em alguns trabalhos de pesquisa. Benéfico quando existem infecções mistas Babesia+Ehrlichia.

- Transfusões são benéficas quando animal está anêmico.

- Corticóides podem ser benéficos em alguns casos.

- Necessidade de acompanhamento laboratorial durante o tratamento.


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